Reflectir o meu ateísmo – Parte 5

Sistemas amorais

É inevitável a conotação moralista com que os sistemas de crenças impregnam as suas doutrinas. O “Bem” e o “Mal” transformam-se, pois, em caprichos divinos onde a razão e a liberdade individual não têm lugar, sujeitando-se a valores de outros, quase sempre antepassados pouco credíveis e eles próprios tantas vezes exemplos de uma conduta questionável.

A questão dos falsos moralismos é talvez a que mais me aborrece nas religiões. Sem respeito pela liberdade pessoal de cada um conduzir a sua vida como muito bem entender, criam-se balizas artificiais para a conduta individual em contradição com o argumento oportunista do livre arbítrio. Note-se que eu sou um defensor do livre arbítrio e não dou muita credibilidade às teorias deterministas, mas tudo na religião aponta no sentido do determinismo, excepto quando se tem que desresponsabilizar deus e responsabilizar a Humanidade. Por isso critico o oportunismo da argumentação do livre arbítrio na religião.

A ideia de que cada um de nós terá que se sujeitar às opções de vida, à conduta comportamental ou às regras éticas de outros por “razões” metafísicas trata-se do maior atentado à liberdade pessoal, incentiva ódios e a ostracização social de quem não segue a norma.

Para um ateu, ao contrário do que nos querem fazer crer – no caso de Portugal, a ICAR e, lamentavelmente, o Ministério da Educação -, religião e moral não cabem no mesmo saco. A conduta moral de cada um é totalmente independente do resto da sociedade enquanto aquela não interferir com a liberdade dos outros. E por interferência não se podem entender os afrontamentos a conceitos de decência, vergonha ou respeito ideológico/religioso.

A confusão surge muitas vezes por se confundirem valores como moral e civismo. São coisas diferentes. Viver com padrões de ética diferentes da norma ou diferentes dos nossos não significa que se vive sem padrões de ética.

Assim, a moral imposta pela religião não só é castradora da liberdade individual, como também contribui para a intolerância e o desrespeito por outras opções de conduta pessoal, factores que tantas vezes conduzem à homofobia, ao sexismo, ao racismo e à xenofobia, etc. Por outro lado, adquirir um determinado padrão ético através de um processo de chantagem face a um sistema de punição versus recompensa, parece-me, em si, pouco abonatório para a capacidade intrínseca de saber distinguir o “Bem” do “Mal”.

Finalmente, ser-se ateu – como ser-se religioso – é, por si só, uma definição completamente amoral. Não é no não acreditar ou no acreditar que residem os factores que nos transformam em agentes morais ou imorais.

Reflectir o meu ateísmo:

  1. O que o meu ateísmo não implica
  2. As insuficiências do agnosticismo
  3. Promover uma laicidade pró-activa
  4. A desnecessidade de crer

This entry was posted on Segunda-feira, Junho 9th, 2008 at 12:36 and is filed under Ateísmo . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.

One Response to “ Reflectir o meu ateísmo – Parte 5 ”

  1. inês diz:

    es lindo lindo lindo lindo nem se quere tenho palavras para te descrever tens uma voz fabulosa a diana nao tem voz para cantar .



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