Esta é uma semana muito complicada. Para além da azáfama tradicional da época, juntam-se o aumento de tráfego e, felizmente, o aumento de trabalho, tanto no bar como no café, razões mais que suficientes para me afastar do PC mais do que é habitual. Não tenho tido, por isso, disponibilidade para postar como desejava. No entanto, ficam aqui algumas referências de coisas interessantes na blogosfera dos últimos dias:
- O Ateísmo e a celebração do Natal — Alguns artigos online sobre a celebração do Natal pelos ateus
- Pass-aram-se — O Ludwig aborda a questão da nova empresa criada para cobrar os direitos conexos à divulgação musical em espaços públicos. É um assunto que eu quero abordar, até porque no Palpita-me já recebemos a cartinha de apresentação da Passmúsica
- The Carl Sagan memorial blog-a-thon — Comemoram-se hoje 10 anos sobre a morte de Carl Sagan. Sagan foi um dos autores que mais me influenciou a caminho de uma pensamento céptico, critico e racional. Esta é a homenagem feita na blogosfera a um dos maiores comunicadores e cientistas do nosso tempo. O que sempre mais me impressionou em Sagan foi a sua capacidade de comunicação e a facilidade em humanizar os mais complexos desafios da ciência em geral e da astronomia em particular
- A Paranóia politico-religiosa — Nem sei o que dizer sobre este vídeo
-Global Orgasm — É claro que se não tiverem mais desculpas para ter um orgasmo dentro de 48 horas, esta parece ser uma boa razão! Embora, claro, se trate apenas de folclore.
Outros artigos idênticos:
- Feira do Livro, 2008
- Pronto! Ufa… Já Passou…
- Hoje estou no DN Online
- Chantagem: a nova evangelização
- Noves fora… nada!
Acredito que uma das maiores coisas que devemos ser é coerentes. Assim, é desnecessário dizer que o Natal, bem como o fato de se dar e receber presentes nesta data, têm origens cristãs, apesar de todo o consumismo que existe por detrás do evento.
Logo, por ser ateu, você não deveria nem dar nem receber presentes ou participar de ceias ou outras comemorações nesta data pois, assim, você não estaria sendo coerente com a sua [falta de] crença. Como pode alguém encher a boca para dizer “Deus não existe” em 364 dias do ano e comemorar, junto com os seus, o nascimento do Seu Filho?
Se lhe oferecerem um presente natalício, por mais que seja o que mais desejaste na vida até agora, deverias dizer: “Obrigado, mas não posso aceitá-lo porque sou ateu”. Se tuas filhas perguntarem “Onde está nosso presente de Natal?”, deverias responder “Não vou dar-lhes presentes porque esta tradição natalícia de dar presentes tem origens cristãs e eu sou ateu.”. Do contrário, serias um fanfarrão, por aproveitar apenas os bons momentos e dádivas de uma tradição a qual não acreditas. Como pode alguém ficar o mês inteiro sem trabalhar e querer receber o seu salário?
André,
Raramente me deparo com comentários que incluam tantos disparates em tão poucos parágrafos.
De facto, à semelhança da maioria das tradições ditas cristãs, também o Natal não passa da usurpação de outras tradições mais ancestrais, inseridas no calendário cristão para minimizar os efeitos da cristianização do império romano. Informa-te sobre as celebrações do solstício de Inverno no calendário Juliano e verás que (espanto!) aconteciam a 25 de Dezembro!
Pretendes ignorar por completo aquilo que a maior parte do mundo ocidental já faz; refiro-me à secularização do Natal. Desde os anos 30, nos Estados Unidos, que o Natal é considerada uma celebração também secular, principalmente devido à importância que a época tem para a economia. Como vês, razões pouco religiosas.
Quanto à treta dos presentes, caro André, pareces querer que eu me feche hermeticamente algures e me isole do resto do mundo. Lamento, mas não o farei. Tal como tu não o fazes. Por isso é que celebras o Natal e não uma qualquer celebração judia ou hindu.
Já que te opões à fanfarronice de eu enquanto ateu oferecer prendas às minhas filhas no Natal, presumo que quando os teus filhos tiverem doentes não cometas a fanfarronice de a levar ao médico e de lhes administrares a medicação. Certamente que os levarás ao vigário e rezarás umas quantas avé-marias. Isso é que é ser um pai coerente. Tal como não salvar a vida de um filho que precise de uma transfusão de sangue porque a religião não permite, uma vez que está escrito num famoso livros de contos com milhares de anos.
Haja pachorra.
Sanches, Sanches…
“Informa-te sobre as celebrações do solstício de Inverno no calendário Juliano e verás que (espanto!) aconteciam a 25 de Dezembro!”
Claro, eu já sabia disso, tanto que o relato bíblico do Nascimento de Jesus não condiz com a época em que comemoramos Seu nascimento. Mas, já que ninguém sabe o dia em que Ele nasceu, comemoramos neste dia mesmo, a menos que o senhor possa sugerir uma data mais apropriada.
“Tal como não salvar a vida de um filho que precise de uma transfusão de sangue porque a religião não permite, uma vez que está escrito num famoso livros de contos com milhares de anos.”
A Bíblia não proíbe a transfusão de sangue, isso é resultado de uma interpretação errônea promovida por um grupo de pessoas.
É claro que médicos são necessários para salvar vidas, mas como explicar, por exemplo, os pacientes que são completamente desenganados por estes profissionais, que retiram-lhe toda e qualquer esperança de sobrevivência e, de uma hora pra outra, são milagrosamente curados, sendo que nem os próprios médicos sabem explicar o ocorrido?
O que eu percebo é que o ateísmo de hoje em dia — o qual atrevo-me a chamar de neoateísmo — não tem por objetivo provar a inexistência de Deus mas, sim, atacar e denegrir as diversas religiões existentes no mundo e, para isso, vocês atacam o principal pilar de todas as religiões: a existência de Deus.
Considerando-se que Deus tenha criado o Universo, conclui-se que Ele existe antes de qualquer ser humano. Como obviamente todas as religiões foram criadas por seres humanos, usar os erros cometidos por uma religião para justificar a inexistência de Deus não é válido, pois embora Deus não dependa de religião alguma para existir, o inverso não é verdadeiro. Como diz o ditado, “Ninguém diz ‘Deus não existe’ sem antes ter desejado que Ele não exista”.
Conforme-se: Deus está em toda parte, inclusive em vossa denominação, ateus, pois o radical teu significa Deus.
André,
Se já sabias que o Natal era uma usurpação de um ritual de comemoração do solstício de Inverno porque é que afirmaste que o Natal tem origem cristã? Não bate certo.
Em relação às interpretações da Bíblia porque raio é que a tua há-de ser mais correcta que a dos outros?
Em relação aos médicos que desenganam (na minha opinião, bem; espero que façam o mesmo comigo uma vez que não goste que me mintam ou ocultem factos importantes para a minha vida) doentes para os quais não é previsível cura e eles se curam contra as expectativas, isso não significa milagre absolutamente nenhum; significa, apenas, que houve um erro de avaliação da parte do médico ou que o organismo do doente teve uma resposta mais eficiente do que seria normal prever.
Repara, eu estou-me a borrifar para as religiões e para todos os deuses que possas imaginar. Já não me borrifo é para o facto de tentarem impor os valores dessas mitologias modernas e dessas personagens de ficção na sociedade em que vivo. Não percebes que para mim dizer mal de qualquer deus é o mesmo que para ti dizeres mal de um unicórnio ou de um duende à tua escolha?
Como eu não considero que Deus tenha criado o universo, essa tua conclusão não tem para mim o mínimo sentido. Deus, de facto, não depende da religião para existir. Por isso é que não existe. Para existir, depende de provas, evidências, demonstrações… Ao contrário desse ditado proseletista, eu digo antes que ” Ninguém diz ‘Deus existe’ sem que antes não tenha desejado que ele exista”.
Finalmente, lamento informar-te que Deus não está em todo o lado; ele apenas reside na cabeça das pessoas com desejos infantis de eternidade, medo de lagos de fogo e que se tranquilizam com meia dúzia de Avé-Marias para abdicarem do sentimento de culpa.