Pode-se ler em dois dos blogs que frequento diariamente – Diário Ateísta e Random Precisions – o mesmo texto de Luís Grave Rodrigues, “Um Problema de Saúde Públicaâ€. Neste texto, Luís Grave Rodrigues considera as consequências da Fé uma doença e um caso grave de saúde pública.
Ora, ateu como eu sou, poderia pensar-se que concordaria com a análise feita pelo autor. No entanto, não concordo e passo a explicar porquê.
Não vejo da mesma forma quem tem Fé e acredita num ou mais deuses com os mesmos olhos com que vejo quem, motivado por essa mesma Fé ou por outros motivos mais obscuros, pratica uma religião, seja ela qual for.
A Fé individual é um direito que não colide nem belisca a liberdade do próximo. Muitos indivíduos consideram-se crentes sem professarem qualquer religião. Esses, poderão andar enganados, mas não me afectam. Todos temos o direito de acreditar naquilo que quisermos, sem termos necessidade de impor essas mesmas crenças aos outros e os outros, nessas condições, não têm, por seu lado, que se importunarem com aquilo em que acreditamos.
Já em relação às religiões, essas sim, considero tratarem-se, se não de um caso de saúde pública, pelo menos sintomáticas de alguma infecção nos processos de tolerância. Isto porque, conforme Luís Grave Rodrigues salienta, não existe religião que não tente impor os seus métodos e processos, independentemente de quão retrógrados ou irracionais, à sociedade em que está inserida.
Assim, ao não diferenciar a religião organizada da crença individual a que todos têm direito, Luís Grave Rodrigues “pecou†por excesso.
O simples facto de ser ateu, não me faz sentir com direito de “pregar†a minha doutrina – ou falta dela – seja a quem for. No entanto, isso não me cega ao ponto de não saber distinguir quem tenta, por seu lado, impor-me as suas próprias doutrinas. A religião tenta fazê-lo, o indivíduo crente, normalmente, não. De qualquer forma, nem uns nem outros têm qualquer hipótese.
Outros artigos idênticos:
- Lúcia in the Sky
- Só um Pequeno Comentário
- Uma (di)Visão para a Europa — Declaração de Bruxelas
- O que fazer aos outros?
- Onde estão as diferenças?
Luís Grave Rodrigues? Mas esse é o advogado ue patrocina a causa mais fracturante da actualidade, o casamento das duas lésbicas, que não foi aceite pelo notário…
É ateu ou e anti católico é que pela imagem é o que dá a entender